Projeto Político Pedagógico
O Projeto Político
Pedagógico da Associação Orquídeas Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis, vêm
apresentar as principais concepções, valores e princípios institucionais que
impulsionam nossa ação e trabalho. Vem mostrar aquilo em que acreditamos e como
contribuiremos para construção de uma sociedade com relações mais saudáveis e
espontâneas.
Vivemos em uma sociedade
imersa em profundas desigualdades sociais que podem ser percebidas em todos os
campos de nossa vida (social, econômico, político, cultural, religioso). Além
de nossas vidas, nossas relações são diretamente afetadas tornando-se frágeis e
nossas ações isoladas.
A Associação Orquídeas é
uma Organização Não Governamental, sem fins lucrativos, criada por Gays,
Lésbicas, Bissexuais e Travestis dos movimentos sociais e populares que
idealizaram uma nova organização que trabalhasse com toda juventude por sempre
acreditar no potencial criativo e inovador do jovem.
Acreditamos que podemos “Contribuir
para o desenvolvimento integral dos jovens gays, travestis afirmando seu papel
social como promotor de cidadania através da intervenção concreta na proposição
e consecução de políticas internas e públicas”.
Identificamos dois
segmentos como público: adolescentes/jovens e jovens gays, jovens Travestis. A Associação
Orquídeas é nossa área de atuação na qual trabalhamos dois eixos temáticos:
Políticas Públicas e Relações de Gênero, nos seguintes programas: Formação
Integral para Jovens, Formação Continuada para jovens Gays, Articulação em
Redes e Gestão & Desenvolvimento Institucional.
Objetivo
Geral
Desenvolver uma prática
político-social visando o protagonismo da juventude, contribuindo para a
construção de uma sociedade justa, democrática, fraterna e sustentável.
Fundamentos
Político-Educativos
Procuramos tentar inserir como valor
à necessidade de uma juventude que redescubra o sentido ético da vida, que se
encontra camuflado em meio aos acontecimentos atuais, nas consequências da
remodelação do capitalismo e da globalização, a saber: aumento da exclusão
social e da pobreza, colapso da democracia e uma alienação cada vez maior. Essa
redescoberta tem de incitar a procura por novos valores. Valores esses
centrados em nova perspectiva de sociedade e de vida e que tragam, como consequência,
mudanças pessoais e coletivas.
Há, a partir desses conceitos, uma
necessidade emergente de transformarmos os padrões sociais vigentes, e tais
inovações só poderão vir a ocorrer com um novo olhar sobre a realidade. A
partir da reconfiguração da nossa vivência ética, poderíamos modificar o
momento atual, em que a sociedade luta por satisfazer direitos primários como
alimentar-se, abrigar-se, vestir-se, “cuidar da cria”, educar, enfim, viver.
Direitos humanos que precisamos assimilar discutir, e tornar “real”. O respeito
às diferenças, a valorização e o compromisso com a vida, a percepção do outro,
a consciência planetária, de que fazemos parte de um grande universo em que
somos causa e consequência do que é traçado na história.
A partir do conhecimento, o ser
humano começa a perceber a importância de sua presença no mundo e como sua
interferência pode influenciar no processo de transformação dos valores. A
partir dessa consciência, passa a envolver-se em lutas específicas e gerais em
busca da melhoria de suas condições de vida bem como da sociedade.
A educação não deve ser um fim
único. Ela é o fruto de uma interação, de trocas e de mudanças conceituais e
estruturais, e deve levar o indivíduo a desenvolver-se em seus múltiplos
aspectos: biológico, cognitivo e social. Representa um forte e importante
mecanismo de conscientização e libertação, tornando-se um espaço de
transformação política, intervenção social e construção da cidadania. Não é
somente uma transferência de conhecimentos, mas algo que é construído e
reconstruído permanentemente na relação que se dá entre educadores e educandos
visto que, não somente os educadores vêm carregados de saberes, mas também os
jovens, que são vistos como detentores de conhecimentos, a partir de sua vivência
e história pessoal.
Compreendemos os jovens não como
causa e/ou vítima dos inúmeros problemas sociais existentes, mas como parte
dessa solução. Sujeitos capazes de construir e partilhar junto com os outros o
desejo de uma “sociedade possível de se viver”.
Juventude é um termo construído
socialmente. É um “espaço transitório” entre a adolescência e a fase adulta,
caracterizado por transformações biológicas, psicológicas, culturais e sociais.
Uma das fases da vida humana, em nossa visão, situada entre 15 e 29 anos.
Queremos pensá-la a partir dos
espaços onde suas vidas se estruturam e lhes deixam marcas. Queremos reconhecer
o jovem como sujeito em busca de sua autonomia e, a partir de sua própria
história, protagonista de novos valores e de novos espaços.
“O que deve
caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a
dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem
formar o seu carácter.”
Princípios
Metodológicos
A
Associação Orquídeas é uma organização nascida em Manaus e como tal carrega em
sua essência a resistência, a garra e a luta dos Gays, Lesbiscas, Bissexuais e
das Travestis. Apostamos na potencialidade e criatividade da juventude, que a
partir de seus sonhos, individualidade, projetos (coletivo e pessoal) e
propostas, manifestam mudanças reais e possíveis no seu cotidiano.
Para nós são primordial não perder
de vista a cultura e a arte Amazônica, colaborando para a valorização desta,
através da proposição de novas práticas fundamentadas no diálogo, no respeito,
no cuidado, na alteridade, na equidade.
Acreditamos que Educação é um
processo que envolve reflexão, ação e a escuta pedagógica centralizada na vida.
Desta forma, esperamos fortalecer e criar vínculos de identidade pessoal, com o
outro e com a totalidade.
Neste intuito, aos jovens são
proporcionados espaços de discussão, partilhas, experiências, encontros com
novos mundos, possibilidades e realidades, construção e desconstrução do saber,
onde estes se percebam sujeitos corresponsáveis consigo e com os outros
(sociedade e demais seres).
Neste sentido, o fazer pedagógico
pode ser traduzido através de práticas educativas que valorizem a autonomia dos
sujeitos, que tenham a reflexão teórica como elemento estruturante da nossa
ação, que aportem a criticidade, a alegria, a ousadia, a esperança e o
questionamento cotidianamente e que tenham o diálogo como instrumento de
comunicação.
Não se cansem de
trabalhar por um mundo mais justo e solidário!
Para
tanto, trabalhamos com:
·
Congressos,
festivais, seminários e oficinas - momentos formativos, de vivências,
aglutinação, intercâmbio de experiências, lúdicos, artísticos, onde acontecem
estudos de pares e os jovens dispõem de acesso a diversos recursos;
·
Grupos
focais – momentos de metodologias construídas e experimentadas, de diagnóstico
e constatação e de intercâmbios;
·
Pesquisa
– coletas estatísticas, intercâmbios e construção de saberes, conhecimento dos
impactos e encontro com a realidade.
Campos
de atuação
A juventude é uma idade horrível que apreciamos apenas no
momento em que sentimos saudade dela.
Nossa atuação está baseada em dois
campos: Estudantes, Juventude e Políticas Públicas para Adultos Gays,
Lesbiscas, Bissexuais e as Travestis.
Para que a sociedade tão sonhada
venha a efetivar-se de fato, é necessária a participação de todos e todas. A
questão de estudantes, juventude perpassa todos as dimensões da vida. Garantir
que as oportunidades sejam iguais, que homens e mulheres possam conviver sem a
dominação de um é um desafio a que nos lançamos. O respeito às diferenças, a
livre orientação sexual, a paternidade/maternidade responsável, o cuidado com o
ser, o afeto, a adoção de comportamentos e posturas que respeitem a si mesmo e
ao outro são importantes passos que devemos tomar em nossas ações cotidianas.
As políticas públicas são diversas medidas e ações utilizadas como
objeto de intervenção social onde os recursos e bens públicos são destinados à
resolução de problemas sociais e políticos, para responder as demandas vindas
da sociedade.
A sociedade civil possui um
importante papel na proposição, elaboração e fiscalização dos recursos
públicos, visto que estes pertencem à sociedade e foram recolhidos através da
arrecadação de impostos, o que fortalece a idéia de que todos têm o direito ao
acesso, já que deles participaram por meio de sua contribuição.
Seu surgimento foi uma conquista
social, servindo como mecanismo em defesa da cidadania. Para tanto, a sociedade
civil precisa estar organizada. A transparência, a descentralização de poderes
e a participação popular são questões fundamentais.
Por sua vez, os jovens também são
convocados a serem atores sociais. “São os que podem vir a ganhar ou perder.
Podem ser afetados pelas decisões e ações. São capazes de afetar as decisões”.
Portanto, a juventude e esporte e
lazer por sua capacidade de criar, sua vitalidade e vontade de ver acontecer
pode muito bem contribuir.
6.
Programas
A Associação Orquídeas possui quatro
programas que se dividem e complementam
nossas ações de forma estratégica. São eles:
ê Programa de Formação Integral para
Jovens – este
programa tem como foco direto o nosso público – a juventude. Através desse
trabalho e do contato com os jovens aprimoramos o estudo acerca do fenômeno
juvenil, conhecemos e entendemos de perto o perfil da juventude manauara. O
jovem sendo entendidas em seus anseios, suas angústias, suas dúvidas, sua
rebeldia, apaixonados por seus ideais e convicto, que pode fazer parte da
construção de um novo tipo de sociedade.
ê Programa de Formação Jovens Gays e
Travestis –
acreditamos que os educadores são estrategicamente essenciais no processo
formativo da juventude. Com eles buscamos descobrir e construir metodologias
mais participativas que respeitem os jovens como os seres de direitos que são e
ajudem a vencer as barreiras nas relações que existem na família, na escola e
na comunidade.
ê Programa de Articulação em Redes – os outros programas têm uma ação
mais voltada para formação. Entretanto, sabemos que o intercâmbio e a
articulação entre as organizações diversas são uns importantes instrumentos
para construção de uma nova nação. Acreditamos que o protagonismo juvenil é uma
alternativa saudável onde o jovem e o educador, cada um no seu espaço, pode
mostrar sua ação, propor fiscalizar políticas para a juventude e a sociedade,
através do estabelecimento de relações em redes e parcerias com outras
organizações ampliando, assim, sua atuação.
ê Programa de Gestão e Fortalecimento
Institucional –
todo esse trabalho com a juventude necessita ser amparado por um suporte. Esse
programa visa o fortalecimento de nossas ações, a criação de uma referência
para a realização do trabalho, a formação contínua da equipe de trabalho e a
facilitação de reuniões e avaliações com as diversas instâncias que compõem a
União Municipal dos Estudantes Secundaristas garantindo a democracia
organizacional da entidade.
Paulo de Oliveira
Presidente da ONG
Associação Orquídeas GLBT